segunda-feira, 25 de abril de 2011

História do Boxe

Antes vai uma prévia do Boxe em geral:

No início do sec. XX, a prática desportiva era quase totalmente desconhecida no Brasil. Os raros esportistas limitavam-se a membros das comunidades de emigrantes alemães e italianos, no Rio Grande do Sul e em Sao Paulo. Foi só com eles que foi introduzida, entre nós, a idéia de competição esportiva entre dois homens ou entre equipes, principalmente em modalidades como natação e canoagem.

Além dessa falta de tradição esportiva, outra característica desfavorecia a introdução do boxe no Brasil: no final do sec. XIX e início do XX, lutar era sempre associado a coisa de capoeiristas e, então, à marginalidade. Esse preconceito era especialmente forte entre os membros da elite dirigente do país.

As primeiras exibições de boxe em solo brasileiro ocorreram naquela época e só reforçaram esse preconceito: foram feitas por marinheiros europeus, que tinham aportado em Santos e no Rio de Janeiro, e naquela época os marinheiros eram recrutados das classes mais humildes.

Em 1913: a primeira lição

Em 1913, travou-se a mais antiga luta de boxe em território brasileiro que ficou documentada. Tratava-se apenas de uma luta de exibição - ou de desafio, não se tem certeza pois os testemunhos da época divergem nesse detalhe - em São Paulo, entre um pequeno ex-boxeador profissional que fazia parte de uma companhia de ópera francesa e o atleta Luis Sucupira, conhecido como o Apolo Brasileiro em razão de seu físico avantajado.

Embora surrado, o nosso Apolo reconheceu que a técnica pode superar a força e tornou-se um grande entusiasta do boxe e seu primeiro grande divulgador. Dado seu prestígio, era médico e filho de conceituada família, seu apoio em muito contribuiu para atenuar o preconceito que já mencionamos.

O boxe é divulgado e legalizado no Brasil

A propaganda de Sucupira entusiasmou alguns jovens que eram membros da tradicional Societá dei Canotiere Esperia, de São Paulo, os quais tentaram incluir o boxe entre as atividades dessa associação; esse esforço durou entre 1914 e 1915, e parece não ter frutificado.

A real divulgação iniciou apenas em 1919, com Goes Neto, um marinheiro carioca que havia feito várias viagens à Europa, onde havia aprendido a boxear. Naquele ano de 1919, Goes Neto retornara ao Brasil e resolveu fazer várias exibições no Rio de Janeiro. Com as mesmas, um sobrinho do Presidente da República, Rodrigues Alves, se apaixonou pela nobre arte. O apoio de Rodrigues Alves facilitou a difusão do boxe: começaram a surgir academias e logo esse esporte ganhou a áurea da "legalidade", de esporte regulamentado, com a criação das "comissões municipais de boxe" em São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. Isso tudo, entre 1920 e 1921.

Os primeiros treinadores competentes: início da década dos 20's

Até 1923, os treinadores eram improvisados. A situação só começou a melhorar quando Batista Bertagnolli estabeleceu-se, em 1923, como organizador de lutas no Clube Espéria, de São Paulo. Bertagnolli, que havia aprendido boxe na Europa, muito bem soube usar seus conhecimentos fazendo um controle de qualidade nas lutas realizadas todos os domingos naquele importante clube da Ponte Preta. O reconhecimento do público foi imediato, passando a lotar as dependências do Espéria.

Contudo, a primeira pessoa que hoje seria considerada um treinador foi Celestino Caversazio. A dívida do boxe brasileiro para com Carvesazio é imensa e, se tivermos que apontar sua principal contribuição, diríamos que foi ser professor dos primeiros treinadores importantes do Brasil: os irmãos Jofre, Atílio Lofredo, Chico Sangiovani, etc.

Ainda em 1923, no Rio de Janeiro, foi criada a primeira academia de boxe no Brasil: era o Brasil Boxing Club que muito difundiu o boxe entre os cariocas.

Em 1924: a tragédia Ditão e consequências

Entre 1908 e 1915, o boxeador negro Jack Johnson deteve o cinturão de campeão mundial dos pesados e muito humilhou os brancos que o desafiaram. Uma consequência disso foi os dirigentes americanos proibirem os cinemas de passarem fitas ou noticiários com lutas de boxe. Em 1915, Jess Wilard derrotou Johnson e assim passou o cinturão para a raça branca. A partir daí e, principalmente, a partir de 1919, quando Jack Dempsey - outro branco - derrotou Wilard e passou a fazer defesas de título com públicos de dezenas de milhares de pagantes, os filmes de boxe foram liberados novamente.

Logo esses filmes chegaram nos cinemas brasileiros e despertaram em nossos jovens e empresários do boxe uma imensa ganância. Todos ficaram sonhando com o fácil enriquecimento através do boxe. Jovens que nunca haviam feito nenhuma luta, saiam do interior do país e iam para São Paulo ou Rio de Janeiro com vistas a se tornarem profissionais do boxe.

Foi então que, no final do ano de 1922, Benedito dos Santos "Ditão" iniciou a treinar boxe numa academia de São Paulo. Ditão era um negro de porte gigantesco, enorme aptidão para o boxe e um direto irresistível. Em um par de meses, já no início de 1923, estreiava como profissional e, sem nenhuma dificuldade, derrotou seus três primeiros adversários, todos no primeiro round. Se somarmos o tempo total de luta desses três combates, não chegaremos a três minutos. Era essa a experiência profissional de Ditão.

Como depois relatou o técnico Atílio Lofredo, "Todo o mundo estava enlouquecido de entusiasmo com Ditão; seus três fulminantes nocautes levaram todos a acreditar que nenhum homem do mundo poderia resistir à sua pancada devastadora". Não menor era o entusiasmo dos empresários da época, os quais viram uma chance milionária quando passou pelo Brasil o campeão europeu dos pesados, Hermínio Spalla, que tinha ido até à Argentina enfrentar o legendário Angel Firpo.

BOXE AMADOR

Como o boxeador AMADOR não luta por bolsas de dinheiro, no amadorismo - ao contrário do boxe profissional - não existe uma proliferação de associações pretendendo o direito de proclamar o verdadeiro campeão e de ditar as regras de luta.

Com efeito, no atual boxe amador temos uma única associação regendo o esporte a nível mundial: a AIBA. Em cada país temos exatamente uma associação nacional que o representa junto à AIBA e que trata da organização e localização dos respectivos campeonatos nacionais e regionais; no caso do Brasil, essa associação é a Confederação Brasileira de Boxe, que trata tanto do boxe amador como do profissional.

Como o boxe amador é um esporte olímpico, a AIBA é filiada ao Comitê Olímpico Internacional e cada associação nacional filiada à AIBA tem de estar filiada ao respectivo Comitê Olímpico Nacional.

As associações nacionais tem de respeitar à risca as regras e decisões da AIBA no que toca aos campeonatos e torneios internacionais. No que toca aos campeonatos e torneios nacionais e regionais, as regras locais não podem ser menos protetoras do que as da AIBA.

O propósito desta página é dar mais detalhes acerca do funcionamento da organização do boxe amador.

As primeiras associações governando o boxe amador

Como seria de se esperar, as primeiras associações organizando e regulamentando competições de boxe de boxe amador tinham jurisdição local a no máximo nacional. A mais antiga delas foi a Amateur Boxing Association ( ABA ), fundada em 1880, em Londres. Logo depois, em 1888, os norte-americanos fundaram a Amateur Sporting Union ( ASU ). No início do século XX, o exemplo foi seguido pela maioria dos países.

No Brasil, as primeiras associações tiveram nível municipal e estadual: Comissão de Boxe do Rio de Janeiro ( 1925 ), Federação Carioca de Boxe ( 1933 ), Federação Paulista de Pugilismo Amador ( 1936 ), Federação Gaúcha de Pugilismo ( 1944 ), etc. A tentativa de uma organização a nível nacional no Brasil iniciou com a Federação Brasileira de Pugilismo ( 1935 ), congregando apenas as federações cariocas, paulistas e mineiras.

Muitas dessas primeiras associações locais ou nacionais ainda existem e outras foram modificadas, isso ocorrendo tanto no Brasil como no exterior. Por exemplo, a Federação Paulista de Pugilismo Amador se transformou na Federação Paulista de Pugilismo, a Federação Brasileira de Pugilismo, em 1941, passou a ser chamada de Confederação Brasileira de Pugilismo e se transformou, já em 1998, na atual Confederação Brasileira de Boxe, que é a organização coordenando todo o boxe amador e profissional no Brasil. No exterior, um exemplo importante é o caso da ASU americana que, em 1978, deu origem à Amateur Boxing Federation ( USA-ABF ) que é quem controla atualmente o boxe amador nos USA.

Controle internacional do boxe amador

A primeira entidade controlando os campeonatos amadores internacionais foi a Federação Internacional de Boxe Amador ( FIBA ), fundada em 1920. Ela, em 1946, deu lugar à AIBA: Associação Internacional de Boxe Amador, a qual continua sendo o organismo máximo do boxe amador. Atualmente a AIBA está sediada em Berlin ( Alemanha ) e congrega quase duzentos países.

Ao longo desses anos, a AIBA tem introduzido várias medidas de proteção aos atletas, como a obrigação do uso de camiseta para esconder os pontos sensíveis do corpo ( 1980 ), o uso do protetor de boca ( 1982 ) e do protetor de cabeça ( "capacete", em 1993 ), além de aperfeiçoar o julgamento das lutas através da introdução das luvas com cor branca na parte de impacto ( 1972 ) e o sistema computadorizado de marcação de pontos ( 1992 ).

Sob as regras, direção e orientação da AIBA são realizados os vários campeonatos e torneios internacionais: o Campeonato Mundial de Boxe e a parte de boxe das Olimpíadas, dos Jogos Mundiais Militares, dos Jogos da Amizade, dos Jogos Pan-americanos, dos Jogos Europeus, etc. A AIBA também designa os árbitros e examina os eventuais protestos e outras questões referentes aos julgamentos das lutas nas competições internacionais.

Nos campeonatos nacionais e regionais também se segue as regras e recomendações da AIBA. Eventualmente, as federações locais precisam compatibilizar as resoluções da AIBA com a legislação de seus países; um exemplo, aqui no Brasil, sendo a compatibilização das regras para competicao em boxe infantil com o Estatuto da Criança e do Adolescente; outro exemplo pode ser dado pelos USA que resolveram reforçar as normas de segurança dos seus boxeadores.


FONTE: www.boxergs.com.br

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